Aceitação na adolescência

Aceitação na adolescência

by Xila Damian

Aceitação na adolescência é exercício de autoconhecimento

O exercício de aceitação na adolescência é doloroso. Quando criança. Intuitivamente usamos  de subterfúgios para agradar o outro na expectativa de ganhar sua atenção, interesse e amor. Na adolescência, buscamos o mesmo e o esforço consciente de se encaixar em um grupo social é desafiador.

Lembro a angústia de encontrar minha turma. Em busca de aceitação tentava agradar o outro alijando minha identidade. A natural imaturidade me tornava carente de aceitação e me aprisionava a perfis nem sempre compatíveis com o meu.

A autoconfiança começa pelo autoconhecimento, outro exercício difícil e, por muitos, desconhecido e até evitado. Porém, é por meio dele que crescemos: conhecer a si mesmo reconhecendo as próprias qualidades, defeitos, gatilhos e comportamentos nos permite viver melhor. Não só consigo mesmo mas também com o outro.

Consciente de si mesmo, filho talvez vivesse melhor o exercício de busca pela aceitação na adolescência.  Pra isso, precisava de um “empurraozinho”:  contar com recursos que o ajudassem a refletir e a descobrir sua propria identidade.

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O santo não bateu!

Meu filho ingressou na nova escola e viveu “retaliação” de colega que, se sentindo ameaçado, o colocou à prova da turma. Sob o típico “reconhecimento de território”, deixei que filho descobrisse recursos próprios para lidar com a situação.  “Uma oportunidade de ganhar carcaça”, pensei na ocasião.

Certo dia, chegou em casa claramente decepcionado:

– Dado não me convidou prá pizza de amanhã.  Acho que não gosta de mim.  Não sei porquê!! Não fiz nada prá ele me excluir assim.

– Dado não é aquele com quem você “se estranhou” quando chegou há meses na escola? O popular da turma? – perguntei.

– É… mas, de lá prá cá, pensei que a marcação já tivesse passado.  Pelo menos prá mim, passou.  Saco! – respondeu.

O “santo não bateu“, pensei sem grande preocupação.  Seria questão de desapegar e seguir a vida sem maior sofrimento.  Porém, não é bem assim que acontece na adolescência.  A necessidade e o desejo de se sentir aceito por todos é enorme.  Como consequência, ser alijado do grupo é motivo de grande frustração.

Nem sempre agrado e… ok!

Ainda que a marcação da turma parecesse coisa do passado, a falta do convite para a pizza acendeu o sinal amarelo ao filho:

– Como assim? Por que, afinal, fui excluído? – perguntava.

Chegada a hora de lhe contar um segredo:

– Aceitação na adolescência é exercício comum, desafiador e, antes de tudo, de autoconhecimento. Nem sempre acontece como esperamos. Ainda assim, não é um problema. – confidenciei.

Haverá casos em que, não importa o que faça, o outro simplesmente não “topará” comigo.  Não existirá uma razão específica, apenas uma incompatibilidade emocional, ligada a preferências.

Lidar com a frustração de não ser aceito é doloroso e requer maturidade, característica ainda sob construção na adolescência.  Por isso, usar a experiência como oportunidade de promover um diálogo aberto e adulto capaz de estimular filho a descobrir sua própria identidade ajuda.

O exercício ao autoconhecimento na adolescência

Algumas perguntas iniciais ajudaram filho a refletir sobre si mesmo e a desvendar sua personalidade.  Dentre questionamentos e frustrações, aceitar-se como é e a desapegar-se do que não podia/queria mudar o ajudaria a passar pelo processo de aceitação na adolescência fortalecendo sua própria identidade:

1- Que afinidades tenho com aquele amigo (estilo, gostos, atitudes, etc.)?

2- O que me incomoda de não ser aceito por aquele amigo?

3- Como me sinto de não ser aceito por aquele amigo?

4- Gosto de como sou hoje? Mudaria algo em mim?

5- Estou disposto a mudar algo em mim para ser aceito por aquele amigo?

A partir das respostas outras perguntas surgirão.  Aceitação na adolescência do filho me exigiu agir mais profundamente do que tratar o tema como algo banal; demandou ajudar filho a refletir sobre si mesmo em vez de simplesmente julgar como “bobagem” de adolescente.

Aceitação na Adolescência Deixa de Ser Expectativa

Somos seres sociais e, assim, nos relacionamos. Por mais independente que sejamos, precisamos do outro para viver.   Nesse relacionamento, contudo, precisamos nos conhecer para aceitar que, nem sempre agradaremos.

Autoconhecimento precede, portanto, a aceitação na adolescência.  Estimular o exercício desde cedo é apresentar a filho recurso valioso não só para a formação de sua identidade mas também para sua vida.

 

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