O esforço nunca é vão
Desde cedo, filho sofre a influência dos pais. A partir de nosso exemplo, observa e aprende princípios e valores que, bons ou maus, permearão sua vida. Como seu primeiro referencial, nosso poder de contribuir com a formação da personalidade de filho é enorme. Precisamos, portanto, ser bons exemplos.
Fazer o que é certo e ainda sentir-se bem com isso é exercício árduo e diário. Especialmente nos tempos atuais, quando violência e individualismo alimentam o surgimento de atalhos permissivos à formação do caráter de nossos jovens.
Mais do que falar, portanto, influenciar filho é questão de prática pautada em princípios e valores sólidos, único meio de formar adultos melhores para o mundo. Sendo essa minha missão como mãe, tento me aperfeiçoar no processo. Ainda que sem garantias, o esforço nunca será em vão.
A influência dos pais na prática
Casos de bullying são frequentes em rodas de conversa na escola, na família, no condomínio e na mídia. Infelizmente, a prática se tornou assunto corriqueiro e reforçar princípios e valores inegociáveis com filho se tornou prática quase diária.
Como outras vezes, naquele dia filho contou nova zoação sofrida pelo Binho, colega de turma:
– O Binho ficou a uma lágrima hoje, mãe. Deu pena… vi ele tentando segurar o choro… Os caras são muito &@$@! Aí não me aguentei e me meti! – contou.
– Sério? O que você fez? – perguntei curiosa.
– Ah, nem pensei na hora: disse que se metessem com a vida deles, que eram uns manés, que só sabiam maltratar os outros porque deviam ser maltratados em casa…
– Que isso, filho? De onde tirou essa ideia?
– Cansei de ver aqueles imbecis humilhando o Binho de novo sem ninguém se envolver. Saco, mãe! Você mesma diz que assistir uma injustiça é ser conivente, atitude tão grave quanto prejudicar o outro! Não aguentei, entrei na história. – desabafou.
Inicialmente surpresa, fiquei orgulhosa. Quando pensava que as discussões acaloradas sobre tema tão controverso e difícil entravam por um lado e saíam por outro, tive uma feliz comprovação da grande influência dos pais na formação da personalidade do filho.
Enquanto discutíamos casos sobre violência silenciosa, princípios e valores como respeito ao indivíduo eram semeados. A situação vivida foi a chance encontrada para testá-los e sedimentá-los. O esforço estava valendo a pena: filho formava seu caráter sob influência do que lhe ensinava e correspondia fazendo o que é certo.
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Sentindo-se bem fazendo o certo
Também filho já sofrera bullying na escola. Portanto, conhecia bem o sentimento e os danos causados pela injusta prática. Atento, logo reconheceu a dinâmica: a dor do colega, maltratado e coagido, o incomodou e a força de seu caráter o fez naturalmente defendê-lo.
Ao contrário de sua solitária experiência sofrendo bullying, filho fez diferente: assumiu o risco de se meter quando podia ter se calado como os outros. Os princípios e valores apre(e)ndidos guiaram sua decisão de fazer a diferença. Em vez de se resignar à prática comum, enfrentou os algozes e apoiou a vítima; escolheu fazer o que é certo e sentiu-se bem com isso.
Quando nos solidarizamos com a dor de quem sofre, não só o confortamos: o fortalecemos e aumentamos sua autoestima. Foi assim que, daquele dia em diante, a turma mudou não só com o Binho mas com todos.
A atitude corajosa de romper com a injusta dinâmica não só validou os princípios e valores apre(e)endidos em casa mas influenciou outros a fazerem o mesmo: contribui com a formação de adultos melhores em sala de aula, e, quem sabe, para o mundo.
Desistir, jamais
Formar adulto ético e moralmente forte começa pela influência dos pais no comportamento do filho. A semente germina no tempo certo e, sendo boa, contribui para uma sociedade melhor, um mundo melhor.
Ainda que trabalho exaustivo e assustador, não desisto. Afinal, sou mãe de adolescente.
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